Para aumentar suas chances de
conseguir investimento ou financiamento, além de ter um bom planejamento do seu
negócio em mãos, você deve ter um discurso de venda adequado. Não busque o
dinheiro pelo dinheiro, ou seja, não basta que você corra atrás dos agentes
financiados ou investidores dizendo que sua necessidade de recursos é pequena
perto do que eles têm a oferecer, que você pagará a dívida tão logo consiga o
equilíbrio financeiro, que o seu negócio é melhor que os demais da concorrência
etc.
O discurso correto é apresentar
uma oportunidade de negócios na qual o investidor, ao apontar recursos,
contribuirá para o desenvolvimento de algo diferenciado, com alto potencial de
crescimento e retorno financeiro acima da média. Se não for esse o seu caso,
não adianta inventar um discurso bonito que não se comprove na prática, pois os
investidores saberão diferenciar um negócio com grande potencial de outros com
menor potencial.
Os investidores buscam, antes de
qualquer outro objetivo, uma boa ou ótima rentabilidade para o seu capital, e
você deverá mostrar por que a oportunidade em questão trará esse retorno. No
caso de agências do governo, o discurso deve ser diferente. Você deve mostrar
que o seu projeto é inovador e trará retorno ao país com o crescimento do
negócio, o que proporcionará geração de emprego, arrecadação de impostos e
retorno à sociedade como um todo, auxiliando o país a ser mais competitivo no
cenário internacional.
Se esses discursos não se aplicam
ao seu negócio, repense se vale a pena seguir em frente com uma empresa sem
diferencial competitivo e com pequeno potencial de inovação. Isso porque será
difícil conseguir recursos não tradicionais e a alternativa mais adequada
acabará sendo o banco de varejo, que cobra altos juros e exige contrapartidas e
garantias antes de conceder financiamentos.
Um hábito que o ajudará bastante
na tarefa de conhecer investidores e potenciais sócios capitalistas e ter a
chance de apresentar seu projeto a eles é o relacionamento, ou networking.
Trata-se de mostrar a cara e se fazer conhecido em seu meio e no mundo dos
negócios. Se você não sabe por onde começar, um bom ponto de partida é
participar de eventos relacionados a investimentos e desenvolvimento de
negócios, tais como seminários, workshops, palestras etc.
Além disso, há várias
instituições que promovem o encontro entre empreendedores e investidores e
criam ambientes propícios para que se relacionem, como é o caso de algumas
associações empresariais. Por meio do networking, você poderá abrir muitas
portas e com isso tentar “vender” o seu peixe. Outras possibilidades são
contratar empresas de consultoria voltadas especificamente a essa finalidade,
participar de clubes de investidores anjos e visitar incubadoras de empresas.
Com um bom networking você
consegue encurtar etapas, mas isso não significa que você terá o investimento
necessário só porque alguém lhe abriu as portas. É preciso ter um bom projeto,
de preferência bem estruturado em um plano de negócios. Com todos esses
ingredientes aliados a seu espírito empreendedor, suas chances aumentarão
consideravelmente.
Um erro muito comum de
empreendedores em negociação com investidores é a proposta da sociedade ou
participação igualitária no negócio. Parece lógico para muitos, mas não é. Esse
tipo de visão, de que você entrará com o trabalho e o investidor com o dinheiro
e por isso ambos dividirão igualmente o negócio, é bastante difundido. Mas
porque é um erro? Por que você pode estar avaliando de forma equivocada o valor
do seu negócio e a necessidade de investimento.
O total de participação do
investidor em virtude de um aporte de recursos depende do valor do negócio e do
montante necessário para colocá-lo em funcionamento. O valor do negócio é
determinado por técnicas financeiras de avaliação de empresas. Se você não sabe
fazer esse cálculo, pode ter o auxílio de uma empresa de consultoria ou então
fazer um curso de plano de negócios ou de planejamento financeiro e de
investimentos.
O investimento pessoal valerá a
pena, pois você aprenderá que uma empresa em fase inicial, apesar dos riscos do
negócio, geralmente apresenta um potencial de retorno interessante ao
investidor e o recurso necessário para colocá-la em funcionamento normalmente
representa 20% a 40% do valor do negócio, ou seja, menos de 50%. Mas isso não é
regra. Para chegar ao percentual adequando, você precisará fazer o cálculo de
valor da empresa (mesmo que ela ainda esteja no papel) e então convencer o
investidor de que esse valor é aceitável.
A partir daí vocês entrarão em
negociação para fechar o acordo da sociedade mais adequado. Enfim, nunca entre
em uma negociação com investidores propondo participações iguais, pois você
poderá entregar mais do que deveria do seu negócio ao sócio capitalista.
Se você precisa de dinheiro, o
local mais adequado para buscar e conseguir esse recurso é o banco, correto?
Não necessariamente. Parece um conselho utópico, mas como os bancos são a fonte
de recursos mais conhecida para os empreendedores acabam por ser escolhidos
como o primeiro ponto de partida para a busca do dinheiro que colocará a
empresa em funcionamento. No entanto, para negócios em fase inicial, o banco de
varejo não é o local mais adequado para buscar dinheiro.
Os bancos geralmente emprestam
recursos aos empreendedores com taxas de juros específicas a cada finalidade.
Normalmente o recurso mais procurado nos bancos é o capital de giro, aquele
dinheiro de que você precisa para fazer a empresa funcionar e cobrir as
obrigações de curto prazo. Como esse tipo de recurso geralmente é urgente, os
bancos aproveitam a oportunidade e cobram as taxas de juros mais caras do
mercado para concedê-lo a você.
Os bancos também podem emprestar
dinheiro para a estruturação da empresa; nesse caso, cobrarão juros menores,
mas mesmo assim exigirão garantias reais para que você tenha acesso ao
dinheiro.
De forma geral, os bancos buscam
total proteção para que no caso de falência de sua empresa eles não percam
nada. Assim, antes de bater à porta de um banco de varejo para conseguir
dinheiro, lembre-se das demais alternativas que você tem para financiar o
início de sua empresa e vá ao banco apenas se não lhe restar outra opção.
Mesmo ciente do conselho
anterior, você decidiu ir ao banco em busca de dinheiro, pois não lhe restaram
alternativas. Tudo bem, agora o problema é outro. Não aceite os contratos
padrão que o gerente do banco vai lhe apresentar. É natural que ele lhe mostra
uma tabela com a taxa de juros que será aplicada ao empréstimo e algumas
exigências para lhe conceder o recurso. Antes de fechar o acordo, peça para
analisar com calma todos os itens do contrato e recorra a um advogado se
necessário. Além disso, bata á porta de outros bancos e compare cada condição
apresentada.
Com as informações em mãos,
retorne ao gerente do banco que ofereceu as melhores condições e inicie uma
negociação. Ele dirá que não tem autonomia para aprovar descontos ou condições
diferenciadas e precisaria submeter o caso ao superior imediato, o que leva
tempo.
Insista então que ele faça isso,
que negocie com o superior, que você aguardará o retorno. Diga ainda que a
concorrência também está analisando como
atender à sua demanda e o banco que for mais proativo terá prioridade. Não se
coloque como dependente do banco, mas como cliente! Essa é a postura que você
deve ter.
E, se lhe for exigida uma
contrapartida ou garantia real para que o empréstimo seja liberado e você não
tiver uma para apresentar, recorra aos fundos de aval do Sebrae ou a
cooperativas de crédito. Há várias alternativas para que você não fique de mãos
abanando.
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